A minha primeira hora da manhã é sempre a que eu me sinto mais sozinho, é quando a mente está mais vazia, mais propensa as fantasias obscuras e torturadoras. Mais aberta as autocriticas e reflexões.
É um momento em que a balburdia do dia ainda não conseguiu penetrar meu cérebro ainda meio entorpecido pelo acumulo de sono, das noites mal dormidas.
O silêncio ensurdecedor das manhãs, é como uma flecha carregada com o veneno das minhas frustrações, apontada diretamente para o meu peito, pronta para me fazer lembrar dos meus erros e escolhas mal feitas ao longo da vida, causando uma agonia quase enlouquecedora.
Essa primeira hora da minha manhã parece interminável, os caminhos que percorro até o trabalho parecem maiores, o ônibus demora a passar, tudo parece conspirar para que eu não me distraia.
A musica que eu ponho pra ouvir parece distante e desconexa demais, é a unica hora em que a musica se distancia do meu coração. Nenhum elemento externo consegue subtrair a intença angustia dessa sensação de solidão extrema.
Essa é minha hora solitária, meu momento de castigo, meu instante de tristeza. Esse é o momento que meus vários 'eus' mais perversos brincam de machucar.
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